Leitura e reflexão sobre o texto Ismênia

Abaixo você verá uma série de textos que serão usados nos exercícios propostos como atividades. Vocês devem ler e, depois disso, resolver as questões neste outro artigo. O gabarito você poderá conferir logo mais aqui no site. Vamos deixar esta indicação em algum lugar bem visível ou aqui mesmo.

Ismênia, moça donzela

Querido António.
Eu escrevo este bilhete, não posso suportar este amor. Olha, António, de hoje em diante farei os teus desejos. Só se você me estimar como tua amante, não me deixe faltar nada e nunca me abandone.
Te espero às três horas, no lugar de sempre. Não quebro o juramento que fiz, mas você não sei, António.
Sempre fiel,
Ismênia.
PS. De há muito pedi o teu retrato, não serei merecedora? Sofrendo do estômago, tudo por causa do nosso amor. Mande um dinheirinho pelo menino para comprar remédio. Sonhei a noite toda que me traías e não me querias mais, será?
Saudações.




Queridinho, te mando esta cartinha para saber notícia, tenho muita saudade, sabes que não posso sair de casa por causa do meu amigo. Coisinhas do outro mundo para te contar.
António, ele não me deixa sair, até apanhei uns tapas, você é e continua sendo meu primeiro amor, há de perdoar a traição que te fiz.
Não mereço tua raiva, sei que sou inocente, fui iludida pela falsa lábia do bandido, agora está desempregado, não tenho mesmo sorte, por favor mandes algum dinheiro pelo menino, que eu preciso demais, a tua
Ismênia.
PS. Meu bem, à tarde ele não estará em casa, pode vir sem medo. Espero às três horas no portão e serei tua, inteirinha tua.



Antônio, pensa que não sei do caso com uma dama casada? Pelo amor de teus filhos não fales no meu nome para essa sujeita que só prejudicou o nosso amor, você homem sem caráter, o tempo de tratar de negócio como doutor de respeito andas atrás de qualquer uma, tenho fé nas forças do inferno que todo o mal há de cair sobre ela e você, andou se gabando de mim, não esperava fosses tão ingrato, António pense bem no que vai ser de mim, fui abandonada pelo meu amigo, não sei se sabias que me deixou em estado interessante, coragem não tenho para fazer-te mal, espero com resignação que Deus se vingará por mim, já tive amor por ti, jurei que meu coração puro era só teu, o nosso amor segundo tu dizes era o pó que a gente limpa do sapato, não faz mal, uma coisa você não pode dizer, que tenha sido tua, pois tua eu nunca fui, preciso cortar a tua língua comprida, falador não tens mais o que falar? Quanto mais velho mais sem juízo, eu te odeio até a morte, nunca te perdoo de me trocares por uma qualquer, hei de mostrar como se dá o desprezo, sou feliz e serei até morrer, gozando na vida, invejada por você e sem mais aceite um abraço desta que te odeia.
PS. Não assino porque é indigno do meu nome.

TREVISAN, Dalton. Ismênia, moça donzela. In: Quem tem medo âe vampiro? São Paulo: Ática, 1988.

No próximo artigo (clique aqui) vocês verão os exercícios referentes a este texto. Até mais.

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