As sequências textuais e alguns exemplos

Depois de, nos últimos artigos, falarmos sobre os gêneros textuais e os tipos textuais, vamos agora abordar outro assunto importante dentro do estudo da redação. é muito importante que você estude as características dos textos para conseguir não só produzir bons textos como também entender aqueles que são dados nas coletâneas de redações do Enem. Todo estudante que deseja aprender a fazer uma boa redação dissertativa no Enem precisa desse conteúdo. Clique aqui caso queira ler mais sobre as características do texto dissertativo no Enem.

Aprenda o que são sequências textuais

Ao se falar em tipo textual, costuma-se utilizar o adjetivo predominante. Observe:

  • gênero romance - tipo textual predominante: narrativo
  • carta de opinião - tipo textual predominante: argumentativo
  • manual de instruções - tipo textual predominante: injuntivo

Mas por que afirmamos que em determinado gênero predomina tal tipo textual? Porque num tipo textual narrativo, como por exemplo uma crônica, é possível ocorrer, em determinada passagem, uma sequência descritiva; em outra, uma sequência argumentativa etc.

Por isso é importante trabalhar com a noção de sequências textuais, já que, embora um tipo prevaleça, os textos podem ser montados com sequências de mais de um tipo textual.

Características básicas das sequências textuais

  • Sequência narrativa: marcada pela temporalidade; como seu material é o fato e a ação, a progressão temporal é essencial para seu desenrolar, ou seja, desenvolve-se necessariamente numa linha de tempo e num determinado espaço. Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de frases verbais indicando um processo ou ação; predomínio do tempo passado; advérbios de tempo e de lugar. São exemplos de gêneros em que predomina a sequência narrativa: relato, crónica, romance, fábula, conto de fadas, piada etc.

Ontem, depois do jogo, fomos à praça festejar; cantamos e dançamos até o sol raiar.

  • Sequência descritiva: nesse tipo de sequência, marcada pela espacialidade, não há sucessão de acontecimentos no tempo, mas sim a apresentação de uma imagem que busca reproduzir o estado do ser descrito, em um determinado momento. Gramaticalmente, percebe-se o emprego das frases nominais, de orações centradas em predicados nominais; predominam formas verbais no presente ou no imperfeito; os adjetivos ganham expressividade tanto na função de adjunto adnominal quanto na de predicativo; os períodos são curtos e prevalece a coordenação. São exemplos de gêneros em que predomina a sequência descritiva: folheto turístico, retrato, autorretrato, anúncio classificado, lista de compras, cardápio etc.

O céu era verde sobre o gramado, a água era dourada sob as pontes, outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados

Carlos Drummond de Andrade

  • Sequência argumentativa: é aquela em que se faz a defesa de um ponto de vista, de uma ideia, ou em que se questiona algum fato. Ao opinar, ou seja, expressar um parecer sobre alguma pessoa, acontecimento ou coisa, intenta-se persuadir o leitor ou o ouvinte, fundamentando o que se diz com argumentos de acordo com o assunto ou tema, a situação ou o contexto e o interlocutor. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias e requer uma linguagem mais sóbria, objetiva, denotativa. São exemplos de gêneros em que predomina a sequência argumentativa: sermão, ensaio, editorial de um jornal ou revista, crítica, monografia, redações dissertativas etc.

Há muita gente que ganha acima de 1 dólar por dia e continua muito pobre porque não tem escola para os filhos, sistema de saúde, água potável ou esgoto no barraco.

BUARQUE, Cristóvão.

  • Sequência explicativa ou expositiva: intenta explicar ou dar informações a respeito de alguma coisa. O objetivo é fazer com que o interlocutor/leitor adquira um saber, um conhecimento que até então não tinha. É fundamental destacar que, nos textos explicativos, não se faz a defesa de uma ideia, de um ponto de vista, características básicas do texto argumentativo. Os textos explicativos tratam da identificação de fenômenos, de conceitos, de definições. São exemplos de gêneros em que predomina a sequência explicativa ou expositiva: textos de divulgação científica, de manuais, de revistas especializadas, de cadernos de jornais, de livros didáticos, de verbetes de dicionários e enciclopédias etc.

Novas ruínas de uma suposta cidade inça foram encontradas por pesquisadores ingleses a 50 quilómetros de Machu Picchu, no Peru.

IstoÉ

  • Sequência injuntiva ou instrucional: a marca fundamental da sequência injuntiva ou instrucional é o verbo no imperativo (injuntivo é sinónimo de "obrigatório", "imperativo"), ou outras formas que indicam ordem, orientação. São exemplos de gêneros em que predomina a sequência injuntiva ou instrucional: propaganda, receita culinária (modo de fazer), manual de instruções de um aparelho, horóscopo, livro de autoajuda etc.

Olha o passarinho...
Fotografe as férias, a viagem inesquecível... Mas veja antes como garantir imagens mais bonitas.

Disponível em: <www.novaescola.com.br>. Acesso em: dez. 2002.

O que são tipos textuais

Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se constituem de sequências com determinadas características linguísticas, como, por exemplo, classe gramatical predominante, estrutura sintática, predomínio de determinados tempos e modos verbais, relações lógicas. Assim, dependendo dessas características, temos os diferentes tipos textuais.

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Se os gêneros textuais são inúmeros, os tipos textuais são limitados. Neste livro, trabalharemos com cinco deles: narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo ou expositivo, injuntivo ou instrucional.

Quais são os tipos textuais

Narrativo: tipo textual predominante em gêneros como crônica, romance, fábula, piada, novela, conto de fadas etc.

Descritivo: tipo textual predominante em gêneros como retrato, anúncio classificado, lista de ingredientes de uma receita, guias turísticos, lista de compras, legenda, cardápio, entre outros.

Argumentativo: tipo textual predominante em gêneros como manifesto, sermão, ensaio, editorial de um jornal, crítica, monografia, redações dissertativas, tese de doutorado etc.

Explicativo ou expositivo: tipo textual predominante em gêneros como aulas expositivas, conferências, capítulo de livro didático, verbetes de dicionários e enciclopédias, entre outros.

Instrucional ou injuntivo: tipo textual predominante em gêneros como horóscopo, propaganda, bula, receita culinária (modo de fazer), manual de instruções de um aparelho, livros de autoajuda etc.

O que são os gêneros textuais

Ao depararmos com um texto que se inicia com "Querido Fulano, escrevo...", sabemos que se trata de um bilhete ou de uma carta de caráter pessoal. Se o texto se iniciar com "Prezados Senhores, venho por meio...", sabemos que se trata de uma correspondência formal. Se você se colocar na situação de remetente, saberá como iniciar a carta, porque todos nós temos um "modelo de carta" na mente; isso é tão marcante que uma pessoa não alfabetizada tem interiorizado esse "modelo" e, se tiver de ditar uma carta para que outra pessoa escreva, saberá o que precisa ser dito e como deve ser dito. O filme Central do Brasil, em que uma professora aposentada vive de escrever cartas ditadas por pessoas não alfabetizadas, exemplifica muito bem essa prática.

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Antes de continuar o artigo sobre gêneros textuais, saiba que escrevi um artigo completo sobre como fazer uma boa redação dissertativa lá no outro site. Clique neste link e leia o texto completo lá.

Como já vimos, os textos desempenham papel fundamental em nossa vida social, já que estamos nos comunicando o tempo todo. No processo comunicativo, os textos têm uma função que lhes é própria e cada esfera de utilização da língua, cada campo de atividade, faz surgir determinadas espécies de textos que são intrinsecamente estáveis por se repetirem seja no assunto, seja na função, no estilo, ou na forma de composição. É isso que nos possibilita reconhecer um texto como carta, ou bula de remédio, ou poesia, ou notícia jornalística, por exemplo.

Os gêneros textuais correspondem aos textos efetivamente produzidos em nossa vida cotidiana e apresentam características gerais comuns (formato, sequência ou estrutura linguística, assunto), facilmente identificáveis. Intimamente relacionados às práticas sociais de uma comunidade, os géneros textuais apresentam as seguintes características:

  • são inúmeros e variados, tanto quanto o são as práticas sociais;
  • são relativamente estáveis, tão estáveis quanto as práticas sociais a que servem.

Enquanto a prática social estiver em vigor, o gênero textual a ela associado circulará. Assim, como a vida em sociedade está sempre mudando e evoluindo, novos gêneros surgem, outros desaparecem e outros se mantêm.

O que é falado, a maneira como é falado, a forma que é dada ao texto são características diretamente ligadas ao género. Como as situações de comunicação em nossa vida social são inúmeras, inúmeros são os géneros textuais: bilhete, carta pessoal, carta comercial, telefonema, notícia jornalística, editorial de jornais e revistas, horóscopo, receita culinária, texto didático, ata de reunião, cardápio, palestra, resenha crítica, bula de remédio, instruções de uso, e-mail, aula expositiva, piada, chat, romance, conto, crónica, poesia, verbete de enciclopédias e dicionários etc.

Identificar o gênero textual é um dos primeiros passos para uma competente leitura de texto. Pense numa situação bem corriqueira: um colega se aproxima e começa a contar algo que, a partir de determinado momento, começa a provocar estranhamento, até que um dos ouvintes indaga "- É piada ou você está falando sério?". Observe que o interlocutor quer confirmar o género textual, uma vez que costumamos nos preparar antecipada e diferentemente para a recepção e o entendimento de um ou de outro gênero.

Lista de exercícios de interpretação de textos

No último artigo aqui no site publiquei o texto "Ismênia, moça donzela." (clique aqui para ler) e prometi que colocaria alguns exercícios de interpretação que ajudassem você a estudar melhor. A verdade é que o estudo para o Enem é uma pedra no sapato de muitos estudantes. Isso porque a maioria não sabe como agir para que o rendimento seja melhor. Por este motivo é que o Lucas Marques criou o curso segredos do Enem, um projeto com o claro objetivo de ajudar estudantes a terem um rendimento muito superior aos dos concorrentes. Dessa forma, eles saem na frente na disputa por uma vaga na universidade.. Caso queira conhecer o curso segredos do Enem, clique neste link e leia o review completo. Vamos então às perguntas sobre o texto em questão.



Atividades de interpretação de textos literários


1. Com relação à correspondência lida, responda:

a) Qual o seu remetente e o seu destinatário?
b) Que tipo de relação existe entre remetente e destinatário? Justifique a resposta.
c) De que ponto de vista tomamos conhecimento dessa relação? De que maneira essa visão parcial interfere em nosso entendimento?

2. Na passagem: "António, ele não me deixa sair [...]", o pronome ele recupera um termo já citado no texto. Qual?

3. Nas duas últimas cartas, a remetente fala ao destinatário de uma terceira pessoa. Quem é essa pessoa e que tipo de relação ela mantém com a remetente?

4. Em outra passagem, a remetente utiliza a palavra "bandido" para se referir ao "amigo". Em que sentido ela teria empregado essa palavra?

5. Na linguagem jurídica utiliza-se a palavra concubino(a) para designar a pessoa que coabita como cônjuge com outra sem ser com ela casada legalmente. Existem, no entanto, inúmeras outras palavras que são utilizadas para designar as pessoas que vivem em concubinato. Na região em que você mora, qual(is) palavra(s) é (são) utilizada(s) para designar concubino(a)?

6. Você diria que o tom marcante das cartas é o da súplica, do desabafo ou da persuasão? Justifique sua resposta a partir da linguagem e da pontuação utilizada pela remetente.

7. Após assinar a primeira e a segunda carta, a remetente ainda escreve mais alguma coisa que é precedida pela abreviação PS. O que significa P.S.?

8. A remetente optou pelo tratamento tu para se referir ao destinatário ("[...] farei os teus desejos."; "Queridinho, te mando esta cartinha [...]"; "não sei se sabias [...]"). Aponte uma passagem em cada carta em que ela opta por outro tratamento.

9. Onde você mora qual é a forma mais utilizada para se referir ao interlocutor: tu ou você? As pessoas, assim como Ismênia, misturam os tratamentos?

10. O que é possível observar na forma como a remetente inicia as três cartas?

É isso, amigos, no próximo artigo postarei aqui o gabarito dos exercícios acima. Lembre-se sempre de que Português deve ser estudado como qualquer outra disciplina, isto é, fazendo muitos e variados exercícios.

Leitura e reflexão sobre o texto Ismênia

Abaixo você verá uma série de textos que serão usados nos exercícios propostos como atividades. Vocês devem ler e, depois disso, resolver as questões neste outro artigo. O gabarito você poderá conferir logo mais aqui no site. Vamos deixar esta indicação em algum lugar bem visível ou aqui mesmo.

Ismênia, moça donzela

Querido António.
Eu escrevo este bilhete, não posso suportar este amor. Olha, António, de hoje em diante farei os teus desejos. Só se você me estimar como tua amante, não me deixe faltar nada e nunca me abandone.
Te espero às três horas, no lugar de sempre. Não quebro o juramento que fiz, mas você não sei, António.
Sempre fiel,
Ismênia.
PS. De há muito pedi o teu retrato, não serei merecedora? Sofrendo do estômago, tudo por causa do nosso amor. Mande um dinheirinho pelo menino para comprar remédio. Sonhei a noite toda que me traías e não me querias mais, será?
Saudações.




Queridinho, te mando esta cartinha para saber notícia, tenho muita saudade, sabes que não posso sair de casa por causa do meu amigo. Coisinhas do outro mundo para te contar.
António, ele não me deixa sair, até apanhei uns tapas, você é e continua sendo meu primeiro amor, há de perdoar a traição que te fiz.
Não mereço tua raiva, sei que sou inocente, fui iludida pela falsa lábia do bandido, agora está desempregado, não tenho mesmo sorte, por favor mandes algum dinheiro pelo menino, que eu preciso demais, a tua
Ismênia.
PS. Meu bem, à tarde ele não estará em casa, pode vir sem medo. Espero às três horas no portão e serei tua, inteirinha tua.



Antônio, pensa que não sei do caso com uma dama casada? Pelo amor de teus filhos não fales no meu nome para essa sujeita que só prejudicou o nosso amor, você homem sem caráter, o tempo de tratar de negócio como doutor de respeito andas atrás de qualquer uma, tenho fé nas forças do inferno que todo o mal há de cair sobre ela e você, andou se gabando de mim, não esperava fosses tão ingrato, António pense bem no que vai ser de mim, fui abandonada pelo meu amigo, não sei se sabias que me deixou em estado interessante, coragem não tenho para fazer-te mal, espero com resignação que Deus se vingará por mim, já tive amor por ti, jurei que meu coração puro era só teu, o nosso amor segundo tu dizes era o pó que a gente limpa do sapato, não faz mal, uma coisa você não pode dizer, que tenha sido tua, pois tua eu nunca fui, preciso cortar a tua língua comprida, falador não tens mais o que falar? Quanto mais velho mais sem juízo, eu te odeio até a morte, nunca te perdoo de me trocares por uma qualquer, hei de mostrar como se dá o desprezo, sou feliz e serei até morrer, gozando na vida, invejada por você e sem mais aceite um abraço desta que te odeia.
PS. Não assino porque é indigno do meu nome.

TREVISAN, Dalton. Ismênia, moça donzela. In: Quem tem medo âe vampiro? São Paulo: Ática, 1988.

No próximo artigo (clique aqui) vocês verão os exercícios referentes a este texto. Até mais.

Seja muito bem-vindo(a)

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso site. Aqui você vai estudar um pouco mais sobre os diversos assuntos que caem no Enem e poderá se preparar melhor para esta prova tão importante hoje em dia. Um dos assuntos importantes para nós são os gêneros textuais e quero falar um pouco deles aqui.

Gêneros e tipos textuais


Pensemos em textos do nosso cotidiano: carta, conversa telefônica, receita, notícia de jornal são exemplos de textos que, salvo algumas variações, mantêm certas características que nos permitem identificá-los.




Não precisamos ver uma pessoa falando ao telefone, nem saber o assunto para afirmarmos que se trata de uma conversa telefônica, porque a estrutura textual é inconfundível. O mesmo acontece com a carta e com a receita: ao observarmos sua organização textual, sabemos que se trata de uma carta (lugar e data, vocativo inicial, cumprimento, desenvolvimento, despedida, assinatura, P.S.) ou de uma receita (lista de ingredientes, modo de preparo).

Carta, conversa telefônica, recibo, bula de remédio, receita, sermão, manual de instruções, notícia de jornal são exemplos de gêneros textuais.